Aeroporto de Montevidéu: Dicas Práticas

Um dos textos mais acessados do blog é um dos primeiros que escrevi: Como sair do aeroporto de Montevidéu que traz uma série de dicas de como chegar no centro da cidade.

Acontece que é um post com mais de 10 anos de publicado e é uma dúvida que naturalmente segue muito frequente (junto com cambio e qual moeda trazer + qual bairro se hospedar), mesmo sendo países fronteiriços, o aeroporto ainda é a principal porta de entrada de turistas brasileiros no Uruguai.


Fiquei pensando como melhorar esse conteúdo, acrescentar algo diferente ou pelo menos mais atualizado para facilitar a chegada de vocês e nasceu esse post repaginado com dicas práticas para quem chega no aeroporto de Montevidéu.


Aeroporto de Montevideu Dicas


O aeroporto da capital se mantem calmo, limpo e funcional. É um espaço compacto que faz a diferença no conforto da viagem, acho tão menos estressante a experiência num aeroporto que você não precisa fazer 30 minutos caminhando até seu portão de embarque, está tudo ali ao alcance, prático e fácil.


No geral, não tem muitos voos chegando ao mesmo tempo, então é raro encontrar um vuco, tudo mega movimentado, cheio. A imigração também costuma ser tranquila, apesar de ter épocas de pico em janeiro onde o atendimento pode ficar um pouco mais lento. 


Mas, não vacile no horário de antecedência, eu nunca tive um voo atrasado saindo de Montevidéu.


Listei 8 pontos para ter em mente na chegada:


1- Evite o câmbio do aeroporto, se for trocar dinheiro que seja apenas o essencial para passar as primeiras horas. Dê sempre preferência aos câmbios do centro ou até mesmo dos shoppings (que funcionam até a noite). 


Trocar dinheiro no Uruguai é fácil, muita gente chega confusa com a experiência na vizinha Argentina, mas é simples e seguro aqui. Sempre tem um cambio nas ruas, tanto no Centro e Ciudad Vieja, como em bairros como Pocitos e Punta Carretas.


O Uruguai tem uma economia curiosa, dólar e pesos convivem com muita naturalidade no cotidiano (sabia que vendem muitos eletrônicos, carros, imóveis com a referência em dólar?), então faz parte da rotina ter mais de uma moeda e essas trocas podem ser feitas também no equivalente as casas lotéricas deles: eu troco dinheiro no mesmo lugar que vou pagar uma conta, por exemplo. 


Não tem uma quantia mínima, não tem uma taxa de serviço e na maioria das vezes nem chegam a pedir um documento. É só chegar no balcão e dizer que quer trocar reais.


E sim, traga reais, em algum momento da blogosfera viajante criou-se esse mito de trazer dólar e eu rebato faz mais de 10 anos hehe. Não tem a menor necessidade, salvo se você já tiver dólares em casa e quiser muito gastar (eu guardaria para outra viagem que fosse efetivamente necessário). 


5 Hotéis Econômicos em Montevidéu

O post de hoje traz dicas de hotéis econômicos em Montevidéu.


Como antes nós vivíamos na cidade, não existia a necessidade de sair da minha casita para passar a noite num hotel distante a 5 minutos hehe. 


As sugestões que comentava aqui no blog eram quase sempre baseadas nas referências de terceiros mais o que eu considerava uma boa localização e esteticamente adequado: tudo muito bem intencionado, porém um tanto superficial, já que efetivamente eu não tinha testado o serviço em primeira pessoa como acontece com tudo que trago de conteúdo nesse espaço.


Daí com a nossa mudança para Punta del Este no final do ano passado esse jogo virou e cada vez que precisamos ir a Montevidéu - e vamos com muita frequência, pelo menos uma vez por mês - temos que reservar um hotel.


Mas, antes de viver esse novo endereço esteño, estivemos um bom tempo morando na Europa e viajavamos uma ou duas vezes por ano ao Uruguai, como passavamos temporadas longas entre um mês e dois meses, a nossa escolha era sempre alugar apartamento em Montevidéu - aquele esquema crianças de férias, pais fazendo home office, o espaço precisava ter uma carinha mais de casa, não dava para fazer todas as refeições fora nesse tempo todo, tinha rotina de cozinhar, etc - e essas experiências acabaram rendendo um post com os melhores Airbnb que ficamos. 


Hall do Palladium Hotel


A nossa necessidade agora é outra, essas idas frequentes à capital são quase sempre curtas, coisa de 2 ou 3 dias com a agenda cheia na rua, normalmente saímos pela manhã e só voltamos a noite para dormir, então a hospedagem em hotel tem funcionado bem para essa dinâmica. 


Nos últimos 9 meses testamos muitos, diria que grande parte já das opções na categoria econômica-executiva da sra. Montevidéu. 


Abracei a missão casualmente viajando e coletando dados para o meu TCC (ou a blogueiragem raiz que facilita a sua viagem), vejam vocês que pessoa dedicada <3


Então, bora fazer o favor de engajar esse post, queridos. Paguei tudo como de praxe, não recebo nada de graça - porém, se quiserem eu tô fácil disposta a seguir nessa missão de sommelier de hotel haha - e a seleção que trago é puro suco de honestidade (como a internet já foi um dia, né).


Nossos hotéis favoritos nessa faixa de 60 - 70 dólares - para o custo que temos no Uruguai é uma média de preço bastante razoável para um casal - são os seguintes:

3 padarias para conhecer em Montevidéu

Meu dia fica melhor com pão - espero que o seu também - e em Montevidéu encontramos ótimas opções de padarias que trabalham com fermentação natural e merecem sua visita.


Temos um texto antigo sobre padarias (leia aqui) com propostas que ainda fazem muito sentido na cidade - a Bertha e La Resistance, por exemplo, eu continuo indo com frequência e curtindo bastante - e também traz algumas curiosidades do mundo do trigo na rotina uruguaia, então o papo de hoje é meio que uma continuação e já pode avançar direto para as recomendações mais recentes.


Lembrando que nosso Guia Digital de Montevidéu traz dicas de padarias e muito mais, garanta o seu aqui e descubra a capital uruguaia de um jeito autêntico e bonito.


Vamos lá?


Wild Bakery - Pocitos


Dona de uma vitrine que é impossível resistir, o local foi inaugurado em maio desse ano, mas já é tão querido e comentado que parece que esteve a vida inteira ali alegrando as manhãs e tardes. 


Oferece desde clássicos da panificação uruguaia a ousadas e apetitosas combinações de sanduíches - como o croissant de miso ou chucrut - mais doces belíssimos com fruta fresca e suculentos recheios, e muitos pães. Dá vontade de experimentar tudo e sempre saio já pensando em voltar para provar o que não deu.


Na ventanita servem ainda café e no espaço reduzido - porém muito bem aproveitado, é impressionante a variedade que conseguem produzir na cozinha diariamente - temos ainda produtos deliciosos de projetos locais destacados, como gin, cerveja, vermut, mel, conservas, etc.


É um lugar que dá para contar na hora do almoço também, os sanduíches são tão completos que sustentam como uma refeição, como a focaccia de pesto com milanesa ou pulled pork. 


A padaria selvagem e sem moldes - como os próprios se definem - que a gente gosta <3



Rota dos queijos em Colônia

Venho recomendando há anos essa rota dos queijos artesanais - acho a melhor surpresa no caminho até Colônia do Sacramento - que ainda segue fora do radar do turismo de massa.

 

Essa parte do oeste uruguaio teve forte influência da imigração italiana e suíça, a cidade de Nueva Helvecia, por exemplo, é um caso curioso: até hoje eles mantêm os escudos dos cantões suíços de origem das famílias nas fachadas das casas e vários pontos da cidade fazem referência a esse legado.


As queijarias que facilmente encontramos entre as cidades de Colonia Valdense e Nueva Helvecia - distante apenas 60 km de Sacramento - são uma herança dos costumes desses imigrantes que trouxeram o conhecimento e a técnica da elaboração de queijos. 


Rota do queijo no Uruguai

No paraíso, ou queijaria La Cumbre.


Há registros do ano 1891 que constatam a presença de 300 famílias de origem suíça e 100 queijarias instaladas no departamento de Colônia, um número expressivo, principalmente levando em conta o tamanho das cidades nessa região.


Daí que a diferença de clima, do gado e outros fatores, levaram à necessidade de improvisar e adaptar, surgindo então uma nova variedade de queijo própria dessas bandas: o queijo colonia. Batizado assim com o nome do departamento (Estado) onde nasceu. 


É um queijo semiduro elaborado com leite de vaca que muita gente associa a um tipo Gruyère, um clássico - e uma delícia! - da gastronomia local. 

Roteiro alternativo em Colonia do Sacramento

Uma sugestão de roteiro em Colônia do Sacramento que ultrapassa os limites do simpático centrinho histórico e encontra outras bonitezas no bairro vizinho Real de San Carlos e proximidades. 


Uma região mais residencial com ótimo calçadão para caminhar e até para curtir uma prainha de rio (ainda que nossa favorita seja a praia de Santa Ana, pega essa dica também). 


É onde fica o letreiro com o nome de Colônia e um pouco mais adiante a impressionante - e curiosa! - Plaza de Toros.


Roterio alternativo Colonia do Sacramento

Dona de uma arquitetura imponente, a Plaza de Toros é fiel ao estilo espanhol, mas teve um destino bem diferente aqui no sul do mundo: inaugurada em 1910, funcionou por apenas 2 anos, logo as touradas foram proibidas no Uruguai - olé! - e o lugar terminou abandonado por décadas.


A reabertura aconteceu recentemente, em dezembro de 2021, agora funciona como um complexo cultural onde acontecem shows e exposições, também oferecem visitas guiadas de quarta a domingo a partir das 11h. 


A visita custa 200 pesos e menores de 12 anos não pagam.


Onde comprar vinhos em Montevidéu

Nosso lugar favorito para comprar vinhos em Montevidéu é a Balbuena Wines.

Um local simpático bem pertinho do querido Mercado Ferrando e Parque Rodó, ou seja, fácil de encaixar no seu roteiro turístico, que oferece uma seleção impecável de vinhos uruguaios.


Pra mim o diferencial da Balbuena é o suporte ao cliente, as recomendações são sempre pertinentes e interessantes, mesmo pra gente que já conhece bastante do mercado local.


Onde comprar vinhos em Montevideu

Levamos mais de uma década visitando vinícolas e consumindo vinhos nacionais, eu digo em tom de brincadeira que é contra a religião da nossa casa comprar garrafas gringas, mas a real é que o que entra de vinho estrangeiro aqui é garimpado nas viagens, uma vez no Uruguai nossa aposta é 100% em vinho uruguaio e tem tanta coisa boa, gente! 


Se deixem surpreender, a oferta só melhora a cada ano e eu recomendo fortemente que vocês experimentem a produção local.


E reclamem quando não encontrarem vinhos uruguaios nos restaurantes, as vezes acontece por questões comerciais e de patrocínio de só ter vinho argentino ou então só de uma bodega rica uruguasha - não tem nada de errado com a bodega rica, gosto e consumo também - o problema é quando não tem mais espaço para outra coisa e todo canto que vai tá lá a mesma marca, mas olha eu com uma leve polêmica e fuga do tema para variar hehe. Não sei se resolve, mas pelo menos fica a constância que percebemos e queremos mais.


A Balbuena é um projeto com pasión, tocado pelo Santiago que é um grande entusiasta do ramo e o Líber que tem uma trajetória consolidada no mundo dos vinhos, já foi premiado melhor sommelier do Uruguai e representou o país em concurso internacional, conhece de perto os produtores e os muitos rótulos dos mais variados que encontramos na loja: são cerca de 130 opções. 


Sacramento: o básico e o bairro histórico

Dando continuidade ao nosso roteiro em Colônia do Sacramento, trago hoje as curiosidades e bonitezas clássicas para desbravarmos de um jeitinho especial seu charmoso bairro histórico.

Para tal vou começar com um breve contexto histórico: Colônia guarda a peculiaridade de ter sido fundada pelos portugueses em 1680, é considerada a cidade mais antiga do Uruguai (como referência, somente 46 anos depois iniciou-se a fundação de Montevidéu). 

A ocupação dessa região foi uma estratégia portuguesa a fim de manter os lucrativos laços comerciais na rota do escoamento da prata e contrabando de produtos manufaturados entre as colônias no Novo Mundo e Europa.

Alguns detalhes dessa linha do tempo são interessantes relembrar, não é curioso pensar numa afronta assim nas fuças do inimigo? A cidade de Buenos Aires (na época um domínio espanhol) se encontra distante apenas 50 km de Colônia pelo rio. Por que escolheram essa localidade e não outra? 

Muita gente pula essa parte, mas eu sou a turista perguntadeira hehe. Cê fique a vontade para ir direto ao roteiro rolando mais abaixo.

Roteiro em Colonia do Sacramento

Prévio a esse momento da ocupação, tivemos um longo período compreendido entre 1580 e 1640 regido pela União Ibérica que foi a unificação das coroas portuguesa e espanhola sob o domínio do rei Felipe II da Espanha: num golpe de sorte ou azar - dependendo de qual lado te conta - quando o Sebastião, então rei de Portugal, morreu numa batalha na África sem deixar herdeiros diretos, quem terminou abocanhando o trono foi seu tio Felipe - vulgo rei da Espanha -  que faceiro passou a administrar simultaneamente os dois maiores impérios do mundo. 

Os vínculos se estreitaram, rolando ali um comércio - do dicionário exploração - intenso entre Potosí, Buenos Aires e Brasil. Numa certa camaradagem - pero no mucho como veríamos mais adiante - já havia um número razoável de portugueses fazendo negócios e habitando também em Buenos Aires. 

Quando finalmente Portugal recuperou sua autonomia política, desvinculando-se totalmente da Espanha, entendeu necessário fortalecer as fronteiras e retomar sua influência nas rotas comerciais, o que significava posicionar-se estrategicamente também no eixo rioplatense.