Colonia: outras dicas

No mês passado fui convidada pelo programa Conexão 123 para uma conversa sobre Colônia do Sacramento, um dos destinos mais charmosos e fotogênicos do Uruguai.

A produtora me pediu dicas fora do óbvio que vamos combinar é a nossa especialidade.

Listei num vídeo de 2 minutos e uns quebrados algumas ótimas opções para unir ao roteiro clássico e deixar a viagem toda mais especial e feliz. 

E hoje vim compartilhar essa seleção aqui no blog (nem tudo entrou no programa e de novo observei que tem muito conteúdo bacana que só dividi nos stories do instagram que é aquela coisa quase inútil que desaparece em 24h, né? Mesmo quando vira foto no feed ou recheio dos destacados, fica meio perdido no mar de distrações que é a rede).

Muito que bem. Volto ao tema do post. Tomei como base atividades nos arredores de Colônia do Sacramento, mas que fossem próximas - não mais de 40min de distância - do centro, assim seriam também viáveis para quem tivesse pouco tempo (nesse ponto entra a questão do pernoite ou bate e volta, cês já sabem que sou partidária de dormir pelo menos uma noite na cidade).


Comecei sugerindo uma parada na praia de Santa Ana que fica apenas 22km de Colonia. 

Nessa região oeste do país as praias são de rio, uma paisagem e experiência bem diferente do que estava acostumada na Bahia, mas igualmente desfrutável. 

Santa Ana é um refúgio de calma, cercada por bosques frondosos e de areia branca, oferece um cenário protegido e bonito. O rio tem personalidade e encontrá-lo bravo ou sereno, azul ou marrom, depende da sorte de cada visitante. 

A época do ano também influi consideravelmente no fluxo de gente, na areia pode se apresentar um quadro muito familiar de férias a beira mar com muito guarda-sol, bronzeado e frescobol ou de extrema soledad ao som do canto dos pássaros. Gosto dessas nuances e creio que rende uma caminhada gostosa mesmo quando o verão já se foi, basta um dia sem muito vento para dar uma volta, tomar ar puro e recarregar as energias. 

A sugestão seguinte foi fazer enoturismo. Sim, em Colonia mesmo. A gente sabe que a vizinha Carmelo é um destino enoturístico por excelência, mas dá para fazer pertinho de Colonia também, coisa de meia horinha do centro.

Na Bodega El Quintón uniram vinhedos e olivares, um projeto completo e muito bonito com várias propostas de visitas e degustações de vinhos e azeites de oliva (oferecem também pacotes com almoço). 

A Quintón é relativamente recente no mercado e já se destaca pela qualidade dos produtos que vem apresentando, também pela ousadia, pois em terra de tannat (uva tradicional na viticultura uruguaia) apostaram firmemente em malbec, vale a pena experimentar.

Outra opção é visitar a vinícola Los Cerros de San Juan. Uma bodega com mais de 160 anos de tradição. A estrutura antiga é linda e já foi declarada monumento histórico e patrimônio nacional. 


Nossa última visita já faz alguns anos, foi antes da compra por capital estrangeiro que deu uma repaginada tanto nos vinhos, como estrutura e propostas turísticas: visitas guiadas, degustações e também possibilidade de almoço aos sábados e domingos.

Outra experiência delícia de viver é ir almoçar ou jantar no campo. Mas, ali afastado 10 minutinhos do centro. Pode ser no Las Liebres Restaurante (que é também um hotel), um casarão de estilo neoclássico elegante e aconchegante com arte, horta orgânica e muito verde. 

O menu tem preço competitivo às ciladas do centro e é assinado pelo Hugo Soca, carismático e respeitado cozinheiro uruguaio. Repito que é o lugar onde melhor comi em Colonia (salvo raras exceções, a oferta gastronômica na cidade precisa melhorar, repito isso há 10 anos, o que faz essa dica ser ainda mais valiosa hehe).


Ou pode ser uma proposta mais simples e não por isso menos especial, o inovador e verde Caliu é um projeto único que oferece hospedagem e um pátio de comida para não hospedes. Uma excelente oportunidade para conhecer - e apoiar - de perto alternativas ecológicas de vida.


Toda a construção foi feita com material reciclado e recursos sustentáveis, toda a instalação amigável com a natureza, o resultado é surpreendente e lindo.


Outra dica de ouro é conhecer as queijarias ou pelo menos provar o queijo colonia (você pode encontrar como sobremesa em alguns restaurantes o Martín Fierro que é a versão Romeu e Julieta uruguasha com queijo colonia e doce de marmelo, eu adoro). 


Pode se deixar levar pelas opções do caminho escondidas nas singelas plaquinhas de 'queso' na estrada, é na altura de Nueva Helvecia e Colonia Valdense que aparecem mais frequência (uns 40 minutos antes de chegar a Colônia do Sacramento). 


Se quiser já ir com endereço marcado, ficam essas dicas bonitas: Granja La Cumbre, Granja Los Fundadores, Boutique de Quesos Los Criollitos, Quesería Las Acacias. 


Não esperem nada muito formal ou estruturado, é simples e a graça é esse lance improvisado mesmo, conversar com o pequeno produtor, surpreender-se com o sabor, os produtos lácteos no Uruguai são de ótima qualidade.


Essa região tem forte influência da imigração italiana e suíça, a cidade de Nueva Helvecia, por exemplo, é um caso bem curioso: até hoje mantem os escudos dos cantões suíços de origem das famílias imigrantes nas fachadas das casas e vários pontos da cidade fazem referência a esse passado.


As queijarias são herança dos costumes desses imigrantes, dados de 1890 revelam que haviam cerca de 100 queijarias registradas. 


Uma voltinha na cidade é uma boa pedida, experimente uma pausa na famosa Chocolateria Tante Eva e visite a parte externa do Hotel Suizo, fundado em 1872, foi o primeiro hotel turístico no interior (havia um restaurante/café aberto ao público, foi indo tomar um café e comer uma torta de maçã que acabei conhecendo parte das instalações). 


Para quem ama queijos e deseja fazer uma imersão completa, existem dois estabelecimentos incríveis que combinam hospedagem e queijaria: La Vigna EcoLifestyle (mais próximo de Colonia Valdense) e El Nido Tree Houses (mais perto de Colonia do Sacramento), cada proposta com sua particularidade e ambas organizadas por nomes que são referências no mercado de queijo artesanal uruguaio.


O La Vigna conhecemos há alguns anos, fomos gentilmente recebidos pela Lucila que nos mostrou toda a propriedade e contou sobre a restauração da casa e mudança da família para o campo, da filosofia slow por trás do negócio, da horta orgânica e claro, da produção de queijos elegante e inovadora, especialmente as variedades feitas a partir de leite de ovelha e cabra. 


La Vigna é um deleite aos pequenos prazeres, ao bom viver, ao respeito ao que vem da terra. 

O El Nido tem outro estilo, são três casitas de madeira independentes e aconchegantes no meio de uma chácara, os hospedes costumam receber mimos em forma de queijos do Martin Rosberg. Ainda não nos hospedamos, mas está no nosso radar há tempos (os queijos podem ser encontrados na loja DeGuarda no centro de Montevidéu).

Com essas bonitezas encerro o post de hoje, um apanhado das nossas dicas fora da caixinha para criar o melhor roteiro em Colonia. 

E também deixo registrado meu agradecimento à equipe do programa (aqui o link para ver/ouvir, apareço - morrendo de vergonha haha, não dou as caras nem nas minhas redes, gente - no minuto 48'16).


Abraço e divirtam-se! <3

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