Me dei de presente uma tarde de folga e sem muito planejar fui parar lá em José Ignacio, a vila de praia mais cool que se tem notícia no Uruguai.
Um lugar belíssimo e que eu adoro, mas acabo indo menos do que gostaria.
A vila é um refúgio: rústica e chique talvez na mesma medida, guarda um encanto muito particular que é difícil definir em palavras. Se sente. O vento que bagunça os cabelos, o balanço do mar. O charme do farol imponente entre uma praia brava e outra serena. O ritmo pausado que envolve. Uma beleza sem afetação, onde é gostoso estar.
Em tempos que andamos todos acelerados, a magia ou sorte de um lugar onde só quem corre é o vento.
José Ignacio é também um destino queridinho de milionários e famosos que desfilam por suas ruas durante toda a alta temporada que vai da segunda quinzena de dezembro e dura todo o mês de janeiro, é o período que eu menos gosto, pois pobre hehe.
Tem coisas em José Ignacio, gente, que são proibitivas para o CLT e tem outras delícias que a gente se joga na alegria e ousadia porque só se vive uma vez hehe.
Brincadeiras à parte, não dá para negar que existe um nicho de turismo de alto padrão e luxo (vem uns herdeiros da nobreza europeia, celebridades latinas, em especial argentinas, pessoas que vivem em outra frequência e do nada acontece de ver o povo da tv, parar num lugar e encontrar um porsche - ou qualquer outro carrão desses que nem sei o nome porque está em rico - estacionado ao lado, etc, claramente universos paralelos).
Brincadeiras à parte, não dá para negar que existe um nicho de turismo de alto padrão e luxo (vem uns herdeiros da nobreza europeia, celebridades latinas, em especial argentinas, pessoas que vivem em outra frequência e do nada acontece de ver o povo da tv, parar num lugar e encontrar um porsche - ou qualquer outro carrão desses que nem sei o nome porque está em rico - estacionado ao lado, etc, claramente universos paralelos).
Um dia normal no verão de José Ignacio
A real de não ser minha época preferida é porque acostumei com a tranquilidade de viver o ano inteiro no leste (são apenas 6 ou 8 semanas do ano que milhares de pessoas aparecem por aqui ao mesmo tempo, nas demais é bem suave o movimento) e acho que perde um pouco da espontaneidade ter que obrigatoriamente reservar mesa, pegar fila nos lugares, ter mais trânsito e menos vaga para estacionar, as diárias que podem ficar até três vezes mais caras, etc.
A maior vantagem é o clima - calor suficiente para querer entrar no mar gelado uruguaio - e a atmosfera vibrante, tudo funcionando, festivo.
O movimento vai aos poucos diminuindo em fevereiro até terminar a semana santa e a maioria dos locais fecharem as portas e reabrirem só no início da seguinte temporada.
Hoje em dia encontramos algumas poucas opções que abrem o ano inteiro, mesmo no inverno. Quase sempre apenas no sábado e domingo. Não vai agradar todo mundo a versão pacata, é para gente estranha como eu que adora praia no frio e curte muita calmaria (se for o seu caso, se planeje para estar no fim de semana).
Muito que bem, o tal do roteiro em José Ignacio numa tarde. Peguei a estrada solita - adoro viajar e desbravar sozinha - depois de deixar as crianças na escola. Cerca de 30km separam Punta del Este de José Ignacio.
Cheguei na vila direto para o almoço e escolhi uma das opções mais bonitas e recomendadas: o restaurante Cruz del Sur. O local fica em frente a pracinha do pueblo. Com paredes brancas, madeira e fibras naturais, a decoração charmosa característica da região.
A cozinha trabalha com alimentos orgânicos, sazonais e de proximidade, eles têm a própria fazenda e aplicam o conceito farm to table, os pratos são frescos, saborosos e coloridos.
De prato principal eu pedi o peixe do dia (pesca artesanal) com vegetais grelhados, bem delicado e suculento (1490 uyu) e de bebida o chá gelado de hibisco (350 uyu), acompanhou uma cestinha de pães divina com dips de hummus e azeite infusionado com ervas de cortesia.
Cobram cubierto (serviço de mesa, uma taxa bem comum no Uruguai): 290 uyu por pessoa e aceitam cartão (paguem sempre com cartão de crédito ou débito, existe uma lei de benefício ao turista que desconta automaticamente o IVA, uma economia que pode chegar a 18%).
A próxima parada foi para curtir o mar, fazer uma caminhada curta na praia. Aproveitei que o farol estava aberto e encarei os mais de cem degraus para ver José Ignacio do alto.
Não lembrava a última vez que tinha subido, era mais jovem e tenho certeza que o joelho não reclamou no dia seguinte hehe, mas foi lindo. Sempre um deleite apreciar lá de cima a imensidão do mar e o encanto da vila.
A subida custa 35 uyu (menos de 5 reais) e não é permitido para menores de 12 anos. A escadaria estreita requer certo esforço na parte final para chegar na plataforma, vá disposto, vale a pena.
Esse pulinho aí que o joelho grita: o acesso no que parece um buraco no chão da escada a plataforma
Segui viagem rumo a Fundación Cervieri Monsuarez, um espaço dedicado a arte com entrada gratuita que chama atenção logo na entrada da vila. Um enorme muro de pedra se ergue entre a vegetação nativa.
Um projeto do Rafael Viñoly, um dos arquitetos mais renomados do país, que assinou também o simpático e moderno aeroporto da capital e a curiosa e inovadora ponte circular na laguna de Garzón a poucos km de José Ignacio que poderia facilmente ser incluída como uma parada apreciativa nesse roteirinho (e não tem como não citar entre os projetos do arquiteto, o polêmico Cipriani Resort que marca uma diferença didática de Punta para José Ignacio, satisfatoriamente os espigões espelhados não são bem quistos e a comunidade resiste para manter uma estética sóbria no que um dia foi um vilarejo de pescadores).
A Fundação Cervieri fomenta a arte e traz mostras de artistas contemporâneos locais e também exibições internacionais temporárias. Na minha visita acompanhei a exposição da pintora suiça-argentina Vivian Suter.
Terminei o passeio na querida Rizoma, um multi espaço onde funciona uma livraria (das mais lindas que conheço, um interior que se conecta com a paisagem ao redor), café, atelier e pousada.
Encontrei o livro que faltava para uma coleção da minha filha mais velha e tomei um café com bolo gostoso antes de voltar para casa: 100% de aproveitamento.
Precisei voltar quando a noite começava a surgir, mas se não tivesse que dirigir e ficasse por lá, encerraria a noite no Solera com bons vinhos e tapas (petiscos) ou no Juana com um jantar caprichado à meia luz, gosto muito da cozinha e do espaço.
Há muitas opções para a noite em José Ignacio (ou na vizinha La Juanita), como fui num período fora do auge da temporada, nem tudo estava aberto e essas são duas dicas que além de maravilhosas, normalmente funcionam num intervalo de tempo maior na região.
Há muitas opções para a noite em José Ignacio (ou na vizinha La Juanita), como fui num período fora do auge da temporada, nem tudo estava aberto e essas são duas dicas que além de maravilhosas, normalmente funcionam num intervalo de tempo maior na região.
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Abraço e até a próxima!
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