Vindima no Uruguai: a colheita das uvas

Minha época preferida para fazer enoturismo chegou: fevereiro e março é tempo de colheita das uvas aqui no Uruguai, várias vinícolas festejam e recebem os visitantes com atividades especiais que vão desde almoço completo a piquenique nos vinhedos, petiscos no por do sol, colheita noturna, etc.


É uma experiência muito divertida e gostosa, tem sempre a pisa das uvas ao som da tarantela, tem a possibilidade de colher direto do pé cachos e cachos da fruta e algumas bodegas oferecem ainda apresentações de danças de grupos tradicionais.


Todo ano escolhemos pelo menos uma vinícola para visitar no período da vindima (iria absolutamente em todas, arroz de festa - princesa do vinho, porém dinheiros, né, a realidade bate na porta haha) e a minha empolgação costuma ser dobrada porque muitas vezes os eventos caem no dia do meu aniversário.


Ano passado escolhemos a Bodega Dardanelli, uma das poucas que a gente ainda não conhecia ali próxima a Montevidéu. Foi uma tarde lindíssima: chegamos e fomos recebidos pela família Dardanelli, essa proximidade é um diferencial incrível nos rolês do vinho por aqui.


Vindima no Uruguai


A maioria das bodegas no Uruguai são negócios familiares que vem de gerações e é muito comum ser recebido pelas pessoas que efetivamente vivem todo o processo do vinho, sentimos facilmente que tem paixão, orgulho, entusiasmo, as experiências são contadas em primeira pessoa, é outro nível a troca que se estabelece, tudo tende a ser mais artesanal, mais humano (óbvio que existem outros formatos, mas quando eu penso no enoturismo no Uruguai são essas características mais marcantes e que eu prezo e entendo como mais acolhedoras e autênticas) .

Após as boas vindas, a programação seguiu nos vinhedos da propriedade, onde o enólogo nos esperava para contar peculiaridades da colheita, além de informações - de uma maneira muito didática e assertiva - sobre o processo de elaboração dos vinhos. 


Vindima no Uruguai
Vindima no Uruguai

Recebemos instruções de como cortar corretamente as uvas e quem se sentiu a vontade - no caso todo mundo hehe, é impossível resistir, o ambiente e as atividades são muito legais, nosso grupo tinha de crianças a idosos e todos participaram - pegou os caixotes, tesouras e começou a colher as uvas numa fileira de merlot


Terminada a atividade, colocamos os caixotes no veículo e voltamos para as instalações da vinícola com todo o material para fazer a pisa das uvas. O momento mais divertido, sem dúvida. Tem vinícola que faz num tonel grande de madeira e tem os caixotes individuais, como a Dardanelli faz.


Parece fácil pisar, mas cansa rápido e pode ser escorregadio até pegar a manha de como pisar no talento hehe. 


Terminada a tarefa, todo mundo foi lavar os pés para fazer a visita guiada: conhecemos todo o ciclo desde a chegada das uvas, a passagem pelos tanques de fermentação, a sala de barricas até a planta onde o vinho engarrafado recebe o rótulo e vai para a venda.


Vindima no Uruguai
Vindima no Uruguai

Então, passamos para o almoço. Um clássico churrasco uruguaio nos aguardava. Tudo delicioso e harmonizado com os vinhos da casa, é claro. 


Começamos o banquete com um albariño da linha Entusiastas, seguimos com o marselan reserva e o que foi o nosso preferido do dia: o tannat Constante. Para finalizar e acompanhar a sobremesa, teve um espumante. 


Vindima em Montevideu
Vindima em Montevideu
Vindima em Montevideu
Vindima em Montevideu
Vindima em Montevideu


Nossas filhas participaram - arrancaram uvas, dançaram, pisaram e declararam a melhor saída enoturistica, ou seja, a vindima é mesmo um negócio mágico hehe - e beberam o suco de uva preferido delas, os produtos da Dardanelli aparecem com frequência na mesa da nossa casa também. 


Estava todo mundo feliz: de panza llena y corazón contento, foi uma tarde maravilhosa mesmo! 


E a expectativa para a vindima 2025 está grande, afinal é uma celebração, onde começa e termina um ciclo, há uma euforia nata de um ano inteiro de dedicação nos vinhedos, do melhor trabalho que puderam fazer e o que virá a partir daí, novas apostas, novos desafios.


Nenhum ano é igual a outro e o que me fascina é essa magia que guia,  por mais que hajam técnicas para direcionar a resultados ótimos, sempre tem um fator soberano meio indomável ali, é uma matéria viva e participar minimamente desse momento nas vinícolas é uma delícia, eu recomendo a todo mundo e cada ano pra mim  é uma experiência diferente e feliz.


Essa semana muitas bodegas publicaram as programações e finalmente estamos conseguindo filtrar o que podemos fazer.


Os pacotes com almoço custam na sua maioria entre 70 e 110 dólares, quem tem interesse em participar, recomendo que reserve o quanto antes, a vindima é um dos eventos mais buscados e costuma esgotar com facilidade. Veja a agenda das vinícolas que participam aqui


Também vou compartilhar - como todos os anos, desde o meu primeiro ano morando no Uruguai em 2011 o omi já me iniciou nesse mundinho apaixonante do vinho e nunca mais larguei hehe - lá no Instagram a agenda da vindima.


Adianto algumas propostas que especialmente me chamaram atenção: saindo de Montevidéu esse ano investiria na Casa Grande (veja detalhes do menu e atividades aqui), também ando de olho na Bodega Piccardo que apesar de já conhecer os vinhos, ainda não visitei o local de produção (sempre tento aproveitar esses eventos para ver também lugares que não abrem habitualmente ao público) e pensando numa experiência com por do sol e jantar, achei a programação da  Pizzorno bem completa.


Outro lugar que espero há tempos visitar - e que melhor momento senão a vindima, né - é a Finca Piedra, os vinhos têm me surpreendido - inclusive, na relação preço x qualidade - e tem todo um complexo turístico: hotel de campo com várias atividades para as crianças, restaurante e a vinícola. Detalhes da proposta aqui.


Agora se estivesse pelo oeste - nas bandas de Carmelo e Colônia del Sacramento, por exemplo - iria com certeza no Almacén de la Capilla (Bodega Cordano), pra mim eles são os melhores anfitriões, fazem eventos fartos e alegres. 


Também tenho muito carinho pela família El Legado e a proposta de vindima deles desse ano é sob o céu estrelado nos vinhedos, promete ser lindo. A Pueblo Tannat que é essa novata que visitamos no ano passado e adoramos, está com uma proposta de sunset e jantar bem bacana. E tem ainda a opção da Narbona que sempre faz eventos com muita competência.


Já mais próximo de Colônia, ficaria entre a Fripp com a colheita no por do sol ou a clássica Los Cerros de San Juan que esse ano traz um menu assinado pela Mariana Tucuna.


Pela região de Maldonado, fico sempre de olho na Bodega Alto de la Ballena, adoro o espaço e os vinhos elegantes da casa, acho sempre um bom negócio visitá-los (e a sorte de ser justo essa a bodega que tenho mais perto de casa, gente?). 


Também muito inclinada em visitar a Cofradía de la Sierra que está começando as atividades com enoturismo, é uma vinícola relativamente nova, são os primeiros vinhos chegando no mercado e estão sendo muito bem avaliados, o lugar é bem simpático e o evento da vindima terá duas datas - uma em fevereiro e outra em março  - e contará com nomes na cozinha como Leonardo Etxea e Mariana Tucuna.


Acho que ainda teremos excelentes propostas sendo lançadas de última hora, aquela coisa do tempo no Uruguai ter outro ritmo, nunca é tarde hehe.


Ficou bem longo o texto e para ninguém ficar perdido, segue um resumão com as datas (eu tive que anotar para me organizar, é muita coisa mesmo) e lembrando que basta clicar nos links que vocês encontram toda info de menu e preços.


AGENDA VINDIMA:

08/02 - El Legado

15/02 - Cofradía de la Sierra / Pueblo Tannat

22/02 - Casa Grande / Pizzorno / Almacén de la Capilla / Bodega Fripp / Los Cerros de San Juan / Finca Piedra (definitivamente a data mais agitada do calendário)

01/03 - Narbona Carmelo

02/03 - Alto de la Ballena

08/03 - Cofradía de la Sierra

15/03 - Bodega Piccardo


Abraço e boa festa!


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